Como fazer o Trilho do Pico Alto na Ilha de Santa Maria, Açores

Como em todas as minhas viagens, a espontaneidade e improviso de última hora também tiveram, obrigatoriamente, de fazer parte da minha segunda visita à Ilha de Santa Maria, nos Açores. Sem qualquer plano, dei por mim, no final do primeiro dia de viagem, a percorrer o Trilho do Pico Alto, um dos 7 trilhos pedestres oficiais de Santa Maria. 

Apesar de já ter metido na cabeça que queria fazer um trilho pedestre na ilha, a minha pesquisa prévia tinha sido praticamente nula. Ao chegar a Santa Maria recolhi alguns mapas no centro de turismo do aeroporto, onde se incluiam mapas de trilhos. Seguindo o conselho da funcionária que me atendeu, coloquei logo em primeiro lugar os dois trilhos circulares que existem na ilha: o Trilho do Pico Alto (PR02) e o Trilho Entre a Serra e o Mar (PR03).

Para mais info sobre os trilhos na Ilha de Santa Maria, lê também o artigo:
Os Mais Incríveis Trilhos da Ilha de Santa Maria, Açores


Porquê a escolha do Trilho do Pico Alto?

Escolhi o Trilho do Pico Alto basicamente por uma questão de praticidade e de otimização de tempo. Os trilhos circulares permitem voltar ao local de partida, ao contrário dos trilhos lineares que implicam começar num ponto e terminar noutro totalmente diferente. Ora, a não ser que tenhas já planeado previamente o transporte para o início do trilho e a boleia no final, os trilhos mais convenientes serão os circulares.

A extensão e duração estimada deste trilho (6,2 km / 2 horas) também contribuiram para a minha decisão. Não tinha muito tempo para explorar a Ilha de Santa Maria, pelo que o trilho teria necessariamente de ser o mais curto possível.

Imagem de Google Earth

Para info prática sobre viajar na Ilha de Santa Maria, lê também o artigo:
Ilha de Santa Maria, Açores – Guia Completo de Viagem


O início do Trilho do Pico Alto

O percurso teve início junto ao Miradouro do Pico Alto, o ponto mais alto da Ilha de Santa Maria, local onde deixei o carro estacionado. De mochila às costas seguimos as placas que assinalavam o início do Trilho do Pico Alto. Pela frente esperava-nos uma longa descida num solo ligeiramente húmido, preenchido por algumas pedras que tonavam o percurso um pouco escorregadio. 

De olhos pregados no chão, para me certificar que não dava um passo em falso, tentava sempre que possível admirar a paisagem que me rodeava. À minha volta, imponentes árvores, cuja copa ondulava ao sabor do vento, emolduravam o caminho, criando cada vez mais uma sensação de harmonia com a natureza. Um pouco mais à frente fui brindada com as magníficas vistas sobre a freguesia de Santa Bárbara e sobre a costa Oeste da ilha de Santa Maria.

Trilho do Pico Alto, Ilha de Santa Maria - AçoresPara ajudar a caminhada e evitar dores nas articulações causadas por um peso excessivo na descida, improvisámos dois bastões de caminhada com ramos de árvores que encontrámos partidos ao longo do percurso. Fizeram toda a diferença. Mais aliviados, prosseguimos caminho.

Atentos às placas de sinalização que encontrávamos de vez em quando no percurso, tentávamos ao máximo não cometer qualquer erro, seguindo uma direção errada. Não seria dificil perdermo-nos caso nos distraissemos por um segundo que fosse e, tendo em conta a tardia hora de início da caminhada, às 16h de uma tarde de outono, esta seria uma luta contra o eminente por-do-sol.

Um pequeno percalço

Cerca de uma hora depois do início da caminhada encontrámos duas casas brancas abandonadas no meio da floresta, conhecidas como a antiga Casa do Guarda Florestal. Aqui surgia o primeiro dilema com dois caminhos possíveis de seguir: ou contornávamos as casas e seguiamos o caminho que dali continuava ou prosseguíamos em frente, continuando a descida.

Trilho do Pico Alto, Ilha de Santa Maria - AçoresCerta que a descida ainda demoraria pelo menos mais alguns minutos, e na ausência de sinalização clara, tomámos a decisão de prosseguir em frente, ignorando a casa. A dúvida ficou, no entanto, no ar. Será que este era mesmo o caminho certo? Após vinte minutos de descida, sem qualquer sinal de uma eventual subida para regresso ao ponto de partida – o cume do Pico Alto, avistámos uma carrinha pick-up que transportava praticantes de BTT da Associação local de BTT AZPedal. Estava na hora de pedir ajuda.

“Desculpe, sabe dizer-nos se estamos no trilho do Pico Alto?”
“Hummm… Não, deviam ter virado lá em cima para a esquerda ao pé da Casa do Guarda.”

Confesso que senti um aperto no estômago naquele momento. Teríamos de percorrer novamente, desta vez a subir, o percurso até à Casa do Guarda. Felizmente, o condutor da pick-up ofereceu-nos boleia até lá, o que nos poupou pelo menos 30 minutos de caminhada. Seguindo as suas recomendações e depois de apontado o seu número de telemóvel para o caso de precisarmos de ajuda, lá entrámos novamente no trilho.

Trilho do Pico Alto, Ilha de Santa Maria, Açores

A última etapa

Continuando a descida, virámos à esquerda após o grande tanque de rega branco e começámos a subida entre duas grandes pedras que rodeavam o caminho assinalado. Mais uma hora de subida, desta vez em passo acelerado para tentar ganhar a corrida contra o sol, que insistia em precipitar-se sobre o horizonte. 

Ao finalmente avistarmos novamente as antenas no topo do monte, percebemos que a meta estava perto. Não consegui evitar um grito de vitória e ganhei um fôlego extra para alcançar o final deste trilho. O monumento de homenagem aos passageiros do Boeing 707 da Independent Air que morreram quando este se despenhou naquele preciso local em fevereiro de 1989 (o maior acidente aéreo jamais registado em Portugal), marca a meta.

Após 2h40 de caminhada e ainda com algum tempo para uns alongamentos, meti-me no carro rumo ao Hotel Colombo para um merecido descanso.


Sugestões de Equipamento para o Trilho do Pico Alto

Apostar em equipamento de qualidade é meio caminho andado para um trilho seguro e bem aproveitado. Bom calçado, adaptado ao tipo de terreno a percorrer; vestuário leve e respirável adequado ao clima do destino; e alguns acessórios como, por exemplo, uma boa mochila e um a dois bastões de caminhada são essenciais para quem planeia percorrer trilhos perdidos no meio da natureza. 

Calçado

Para esta viagem escolhi uns sapatos de caminhada Merrell, modelo Moab 2 Gore Tex. Revelaram-se uma boa escolha para este trilho em particular. O caminho acidentado e húmido pedia calçado com boa aderência, mesmo em piso escorregadio, e uma espessura de sola suficiente que disfarçasse a irregularidade do solo. 

As características dos Moab 2 Gore Tex corresponderam: material à prova de água mas respirável que me manteve os pés secos durante todo o caminho; biqueira de borracha para proteção extra; apoio reforçado para a parte lateral do pé e calcanhar; almofada de ar no calcanhar para amortecimento de choque; sola Vibram para uma melhor tração; e leves, acima de tudo.

Mochila

A última coisa que queremos ao fazer uma caminhada é sentirmo-nos pesados, pelo que é importante evitarmos tudo o que não seja indispensável. Entre os itens indispensáveis encontram-se a água para nos mantermos hidratados, alguns snacks para reposição de energia, e um power bank para carregar a bateria do telemóvel caso seja necessário. E para levar estes itens, nada melhor que uma boa mochila.

Para esta caminhada optei por uma mochila de 20 litros, da Merrell também, modelo CAPRA. Sendo extremamente leve permitiu-me levar todos os itens essenciais sem me fazer sentir pesada. O apoio lombar feito de um material respirável evitou que as minhas costas ficassem húmidas, mesmo em alturas de maior calor, e as correias de suporte no peito e cintura ajudaram a distribuir melhor o peso. Vem ainda equipada com vários bolsos de arrumação, o que oferece um acesso mais fácil ao seu conteúdo.


Conselhos para uma caminhada segura:

✔️ Iniciar a caminhada de manhã ou ao ínicio da tarde, no máximo;
✔️ Fazer o trilho com companhia;
✔️ Estudar o mapa do trilho antes do percurso;
✔️ Informar sempre alguém que se vai fazer o trilho;
✔️ Seguir sempre as placas de sinalização;
✔️ Não sair do trilho marcado;
✔️ Anotar os contactos de emergência – Polícia e Bombeiros;
✔️ Levar snacks e água.

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Maria João Proença

Nascida e criada em Lisboa, Portugal, mas apaixonada pelo mundo. Adoro partilhar as minhas histórias de viagem, fotografias e videos e aconselhar e inspirar quem partilha a mesma paixão pelas viagens!

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