Vamos falar de Turismo Responsável?
Quando visitamos destinos do outro lado do mundo, onde a natureza se apresenta de forma incrivelmente pura e densa e a vida animal selvagem abunda sob várias formas e feitios, é frequente surgir a vontade de querermos interagir com esses animais, vivendo uma experiência que nunca se teria, não fosse por essa viagem. A oportunidade de poder passar alguns momentos de maior proximidade com animais que normalmente estão fora do nosso alcance, apresenta-se como uma tentação difícil de resistir.
Mas do que habitualmente os viajantes se esquecem, é que essa interação direta com animais selvagens é tudo menos inocente e não compensa de todo os curtos momentos de felicidade que nos oferecem. Na verdade, este contacto direto com os animais dá origem a consequências gravíssimas no seu equilíbrio natural, provocando danos que muitas vezes se revelam irreversíveis.
Nadar com golfinhos, passear em cima de um elefante ou tirar fotografias junto a tigres “domesticados”, são apenas algumas das atividades turísticas que vão em tudo contra o conceito de turismo responsável, sendo até definidas como práticas cruéis de exploração dos animais de que são cúmplices todos aqueles que participam, sejam os próprios promotores, sejam turistas, sejam aqueles que fazem like nas fotos publicadas nas redes sociais por amigos ou família.
Neste artigo dou-te 7 exemplos de atividades turísticas com animais que deverás evitar nas tuas próximas viagens, para que desempenhes o papel que te compete rumo a um turismo responsável e mais humano. Espero que esta informação te ponha a pensar um pouco mais sobre o assunto e sobre as consequências dos teus atos no já frágil equilíbrio natural deste planeta.
7 Atividades Turísticas com Animais Selvagens a evitar
Passeios em cima de Elefantes
Apesar da sua dimensão, os elefantes só conseguem suportar um máximo de 150kgs nas suas costas, mas frequentemente, o peso dos turistas, do “tratador” e da estrutura que os transporta, ultrapassa bastante este peso. São forçados a trabalhar demasiadas horas seguidas, com poucas horas de descanso, muitas vezes sob muito calor. São capturados no seu habitat natural, afastados das suas famílias e a sua domesticação é feita através de abusos e agressões físicas violentas. Apesar de, infelizmente, ainda existirem muitas agências a promoverem esta atividade na Ásia, vários grandes nomes do turismo como o TripAdvisor por exemplo, já retiraram esta atividade da sua oferta de tours em nome da promoção do Turismo Responsável.
Nadar com ou assistir a espetáculos com Golfinhos
Os golfinhos mantidos em cativeiro para entretenimento de humanos são cruelmente capturados no seu habitat natural e afastados das suas famílias, algo que só por si já é causa suficiente de trauma. Estes animais precisam de nadar um mínimo de 8kms por dia, mas em cativeiro estão limitados a um espaço reduzido que lhes causa stress adicional. São conhecidos vários casos de golfinhos que encontraram no suicídio a única forma de lidar com a pressão emocional e psicológica de que são vitimas.
Assistir a Touradas
As touradas, consideradas por algumas pessoas como expressão cultural e tradição, são uma das formas mais graves de exploração e maus tratos a animais do mundo. Aqui, a tortura e consequente sofrimento do touro, é utilizado como motivo de entretenimento para turistas e aficionados. Não existe qualquer explicação válida e racional que justifique a ainda existência desta prática, especialmente em países ditos desenvolvidos. E é uma absoluta vergonha que ainda hoje em Portugal seja possível assistir a este espetáculo bárbaro e medieval quer ao vivo, quer através da Televisão Pública.
Nadar com Tubarões-Baleia
A única razão pela qual é maior a probabilidade de conseguir nadar com tubarões-baleia em Oslob, na ilha de Cebu, Filipinas, é porque estes animais selvagens são alimentados por pescadores que assim os atraem para junto dos turistas. Este comportamento causa graves distúrbios na saúde dos animais, que acabam por não receber os nutrientes que receberiam normalmente no seu dia-a-dia e altera os seus padrões de migração, o que provoca efeitos no seu ciclo reprodutivo. Além disso, dá origem a um maior à-vontade dos animais junto a humanos, o que leva muitas vezes a ferimentos causados por motores e hélices de barcos. É tudo menos uma atividade associada a Turismo Responsável.
Passeios de Carroça de Cavalo ou Mula
À semelhança do que acontece com os elefantes, os animais usados para entretenimento e transporte de turistas, como cavalos, burros ou mulas, vivem em condições desumanas e forçados a trabalhar horas a fio, indo muitas vezes além da sua capacidade. São várias as histórias de cavalos de carruagens que colapsam e morrem em plena via pública ao serem levados até à exaustão.
Tirar fotografias com Tigres “domesticados”
Os animais que se encontram nos chamados “santuários” de tigres em países como a India ou a Tailândia, são fortemente sedados para que os turistas se possam aproximar deles. Passam o dia acorrentados e limitados a um espaço reduzido, algo que vai totalmente contra a sua natureza. Existem até casos de tigres a quem lhes foram retiradas garras e/ou dentes para maior segurança dos turistas que visitam este tipo de atrações. Uma fotografia publicada nas redes sociais junto a um destes animais valerá a pena o seu sofrimento?
Degustação de Café Kopi Luwak na Indonésia
O café Kopi Luwak é conhecido por ser proveniente de grãos de café que são ingeridos pelo civeta, um pequeno mamífero originário de países do Sudeste Asiático como a Indonésia por exemplo, e depois expulsos nas suas fezes. O que a maior parte dos turistas não sabe é que para se poder produzir este café, estes animais são mantidos em cativeiro, sendo privados de qualquer exercício, espaço, liberdade ou alimentação adequada.
Como praticar Turismo Responsável?
Adoras animais e tens o sonho de ter um contacto mais direto com eles nas tuas viagens? Há outras opções que poderás escolher de forma a concretizar o teu sonho, sem causar impacto negativo no equilíbrio natural. Eu também tenho um grande fascínio pela vida animal e nas minhas viagens tive a oportunidade de participar em algumas atividades, no entanto tenho tido sempre o cuidado de escolher bem as empresas de tours. Algumas que posso recomendar: para observação de baleias e golfinhos nos Açores sugiro o Espaço Talassa na Ilha do Pico e a Futurismo na Ilha de São Miguel, ambas empresas conhecidas pela sua extrema preocupação pelo bem-estar dos animais. No Sri Lanka fiz também um safari num dos muitos Parques Naturais do país, o Parque Udawalawe, que te permite observar animais selvagens magníficos no seu habitat natural. Foi uma experiência magnifica.
2 Comments
Sim e mais uns poucos que infelizmente ainda são muito pouco falados como não pisar ou simplesmente não tocar em corais quando se vai nadar, não agarrar em estrelas do mar e tirar fotografias com elas nas mãos e ainda as colocar na areia como se fossem brinquedos. Resumidamente não se deve tocar em nada que é vivo no mar e simplesmente olhar e admirar com muito respeito! Tanto os corais como estrelas do mar são seres vivos muito sensíveis e o toque da nossa pele faz com que eles morram com uma enorme facilidade e provoca uma grande destruição marítima :/
Vamos todos ter em atenção a isso sim e já agora encontrar protector solar amigo do ambiente e destes amiguinhos
Muito obrigada pelo teu comentário Vanessa! São de facto pontos que quase ninguém foca e que também são muito relevantes sim. Continuação de boas (e responsáveis) viagens. 🙂