Kuala Lumpur e as Batu Caves
Aproveito as viagens para escrever estes posts, pelo que nem dou pelo tempo a passar. As 2 horas de autocarro de Melacca para Kuala Lumpur passam a correr e rapidamente me vejo na capital, na estação central. Não conheço ainda a rede de transportes, pelo que prefiro apanhar um táxi até ao meu hotel, o Paloma Inn Hotel.
Confesso que estou muito cansada e que o que devia mesmo fazer era dormir por umas 2 horinhas… Mas não há tempo a perder! Pouso a mochila no dormitório de 4 camas que hoje terei de partilhar com apenas outra pessoa e ponho-me a andar para a zona de Chinatown, uns metros abaixo do meu hotel.
A minha primeira impressão de Kuala Lumpur não é a melhor, confesso.
Dei por mim a dizer algumas vezes “Detesto esta cidade”. Sente-se bem a poluição, o trânsito é intenso sem qualquer respeito pelos peões (apesar de este ponto não ser novidade no sudeste asiático), e de uma forma geral não me senti segura a andar nas ruas sozinha como me senti em todos os outros lugares por onde andei.
Encontro-me com o Melvin em Chinatown e vamos dar uma volta pelas redondezas. Perdemos-nos no Petaling Street Market. Um mundo de malas, relógios e roupa falsificada e comida de rua variada e para todos os gostos, por onde é necessário movimentarmos-nos por corredores onde só passa 1 pessoa de cada vez dado o elevado número de bancas que ali existem. Como uma espécie de pão doce recheado com um estufado de porco e de repente Kuala Lumpur começa a não parecer tão má. Um pouco mais à frente atiro-me de cabeça para umas espetadas de peixe e marisco e afinal até é uma cidade aceitável.
O dia acaba cedo e volto para o meu hotel para um merecido descanso onde conheço a minha única companheira de quarto: uma japonesa que apesar de simpática, não é de muitas conversas. Amanhã é outro dia.
Segunda-feira acordo bem cedo para tentar ser uma das primeiras pessoas a chegar às Batu Caves, um famoso templo hindu perto de Kuala Lumpur. Apanho o comboio das 8h30/8h45 e chego passados 30 minutos. Imaginava que ficasse um pouco mais afastado do comboio, mas mal saio da estação dou de caras com a entrada. E mal ponho um pé lá dentro, começam os “wow…”. Duas estátuas com as imagens de divindades hindus ocupam a visão mal se entra. Uma à entrada do recinto, e outra no fundo das escadas de acesso à gruta.
272 degraus esperam-me até à entrada da gruta. Pelo caminho somos observados por dezenas de macacos que procuram algo para comer. E não têm problemas em tirar comida à força se necessário. Não são bichos muito simpáticos. Ao tirar uma fotografia um pouco mais perto, um deles mostra de imediato os dentes, deixando claro que achou o atrevimento de muito mau tom…
A gruta é de facto monumental e de ficar de boca aberta. É usada como local de adoração hindu, existindo uma série de pequenos altares onde, por alguns ringgits, é possível sermos abençoados por um monge. Não achei que precisasse de ser abençoada, mas ainda estive algum tempo a observar as pequenas cerimónias. Tudo é feito de forma quase automática. Não existe grande emoção ou dedicação naquilo. Sai um, entra outro. Sempre a despachar.
Descidas as escadas da gruta a fome aperta, pelo que é hora de um segundo pequeno almoço num dos restaurantes indianos da zona. Ai como eu gosto desta comida… É comida com as mãos, como deve ser e como sabe melhor.
As Batu Caves são riscadas da lista e segue-se o percurso até à KL Tower, uma torre de telecomunicações com 421m de altura, a 7ª mais alta do mundo.
Há que fazer um pequeno desvio durante o caminho para nos abrigarmos do temporal que de repente se abateu sobre Kuala Lumpur. Assim que a chuva abranda um bocadinho, avançamos em direcção à Torre. Tentamos cortar caminho entrando porta adentro de um edifício de escritórios como quem não quer a coisa, de forma a sairmos do outro lado. A meio, somos parados por um segurança. Estamos preparados para sermos acompanhados à saída mas, em vez disso, amavelmente nos diz que nos pode ajudar. Leva-nos no elevador até uma entrada do outro lado onde, para além de podermos comprar já os bilhetes para entrar na Torre, ainda temos direito a shuttle até lá acima. A chuva não nos deixou ter acesso à vista que habitualmente este edifício oferece mas ainda conseguimos ver alguma coisa. Outro riscado da lista.
Seguem-se as famosas Twin Towers, ou as “Petrona Towers“, como são vulgarmente conhecidas aqui. Não conseguimos subir até à zona de observação. É 2ª feira e está fechada. Sorte… Tiramos as fotos da praxe cá de baixo e seguimos rumo em direcção a Little India para jantarmos. Perdemos-nos algumas vezes pelo caminho e aparentemente os locais não fazem ideia do que seja a Little India… Mas lá chegamos.
Vemos uma banca de rua com as mais variadas comidas e ficamos-nos por ali. Não têm cerveja. “Somos muçulmanos” diz ela. Ah, raios. Bem, um sumo de laranja também serve.
A última noite em KL tem de ser celebrada com umas cervejinhas pelo que seguimos para Bukit Bintang, uma conhecida zona de restaurantes e bares na cidade. Assentamos poiso num bar irlandês chamado Healy Mac’s e venham de lá umas Tigers. A meio somos desafiados para participar na Quiz Night, um concurso de equipas com perguntas sobre os mais variados temas. É preciso pensar num nome para a nossa equipa. Hummm… Uma portuguesa e um holandês… Só pode ser “Malacca”, a terra ocupada por portugueses e holandeses. Faz sucesso.
No final somos honrados com um bem merecido 2º lugar e presenteados com um balde de 5 Budweisers em gelo. Parece que a noite afinal ainda dura mais um bocadinho! Terminadas as Bud, paramos para um petisco numa das muitas barracas de comida de rua, antes de cada um seguir para o seu hotel.
É hora das despedidas. Até breve Melvin! Foste um óptimo companheiro de viagem 🙂
Quanto a mim, estou neste momento sentada no lugar 21F do avião da Air Asia rumo a Penang, mais a norte, de onde sigo para Georgetown. Uma criança chora desesperadamente, entretanto outra juntou-se à sinfonia. Um homem de longas barbas e a sua mulher de burka preta exigem às hospedeiras, até ao momento da descolagem do avião, serem mudados de lugar, e o volume da música ambiente foi colocado a um nível digno de qualquer bar ou discoteca. Ah, carambas… São estes momentos que fazem com que isto valha a pena…
Até já!