Malacca, a terra dos tuk-tuk tuning.
No autocarro a caminho de Malacca travo conhecimento com o meu novo companheiro de viagem dos próximos dias. Chama-se Melvin e é um holandês de 27 anos a viajar pela Tailândia, Singapura e Malásia. Um miúdo porrreiro.
As 4 horas de viagem são interrompidas apenas 2 vezes por uma paragem no controlo de imigração para sairmos de Singapura e, poucos kms à frente, no controlo para entrarmos na Malásia. Passo o resto da viagem ou na conversa com o Melvin, ou a escrever no blog ou a dormir. As 4 horas passam a correr.
Chegados a Malacca é hora de cada um ir em busca do seu próprio hotel.
Facilmente encontro o meu: Bala’s Place. O Bala é, obviamente, o dono do sítio e é uma das pessoas mais queridas que já conheci. Dá vontade de pegar nele e levá-lo para casa. Mas com todo o respeito atenção, que o senhor tem idade para ser meu avô. Vamos lá ver isso.
O meu quarto fica no piso de cima. Tem uma cama de casal, 1 cómoda com um espelho e uma grande ventoinha de tecto. Nada de ar condicionado. E não imaginam o bafo que aqui está… Vamos lá ver como é que isto corre. O wc é partilhado com os outros hóspedes e fica no andar de baixo. Há que tirar os sapatos sempre que passamos para o piso dos quartos.
Passo o resto do dia a passear pelo centro histórico da cidade. Passo pela Town Square preenchida por uma torre de relógio e edifícios com um estilo notoriamente holandês, pela Igreja de São Paulo cujos interiores, embora em ruínas, são ocupados pelas lápides de padres e outras personalidades que habitaram na altura Malacca. Algumas lápides têm o texto em português. Passo ainda pela Porta de Santiago construída inicialmente pelos portugueses, remodelada aquando da ocupação holandesa e alvo de uma tentativa de destruição pelos ingleses.
Outra famosa atracção em Malacca são os tuk-tuks. “Ah, isso há em todo o lado. Lisboa está cheia deles!”, dizem vocês. Rezem para que estes tuk-tuks nunca cheguem a Lisboa. Cada um tem a sua própria decoração, e quando digo “decoração” quero dizer “completamente pimped” sob os mais variados temas, sendo sempre acompanhados por uma banda sonora o mais audível possível. O objetivo é não passar despercebido. Ele é super homem, ele é homem aranha… Temos também a Hello Kitty ou o Frozen, entre tantos outros. À noite acendem-se os neons. Aposto que se veem do espaço.
Imaginava que Malacca fosse um local bem mais pequeno, mas é na verdade uma das maiores cidade do país, com um elevado número populacional e muito comércio.
À noite encontro-me com o Melvin junto ao Hard Rock Café e partimos em busca de algo para comer. Avançamos pelo mercado nocturno na Jonker Street e agarro-me a mais um prato de sopa de noodles, desta vez picante para xuxu. Vêm-me lágrimas aos olhos, o meu nariz abre a torneira e transpiro como se tivesse corrido a maratona, mas aguento-me à bronca! Já há molho por todo o lado, os noodles escorregam-me dos pauzinhos de plástico (pior coisa de sempre estes pauzinhos de plástico) e o meu top branco parece uma zona de guerra, cheio de pintinhas vermelhas. São as medalhas de honra por ter conseguido comer (quase) tudo até ao fim.
Seguem-se duas Tigers (cerveja) num dos poucos bares da zona, a €3 cada uma (chiça… É o que dá querer beber álcool num país maioritariamente moçulmano) e é hora de ir dormir para acordar cedo no dia seguinte.
A parte do acordar cedo não aconteceu porque a fantástica ventoinha de tecto, a funcionar a noite toda, deixou-me com um um princípio de constipação e umas valentes dores de cabeça. Nada que um ibuprofeno não tenha curado mas mesmo assim não me deu a noite de sono que eu merecia.
No dia seguinte aproveitei para dar mais umas voltas pela cidade, fui em busca da famosa “Sunset Beach” (que de praia não tem nada) tendo feito ainda uns bons kms debaixo de um sol escaldante para lá chegar. À noite repete-se a busca por um sítio para comer, experimentamos alguns doces locais e seguem-se mais umas Tigers (sim, de 3€ mas que se lixe) junto ao rio com um reggaezinho ao vivo a acompanhar. O Melvin vê umas miúdas giras a passar e fica meio atordoado. Ainda o desafio a convidá-las para se sentarem na nossa mesa mas as pernas fraquejaram-lhe. Ahaha. Meia-noite. Hora de voltar para o Hotel.
De manhã faço o check-out, como galinha com arroz ao pequeno almoço e apanho o autocarro 17 até ao terminal de autocarros de onde sigo para Kuala Lumpur. O Melvin já seguiu antes de mim. 2 horas separam-me do meu próximo destino.
Até já!