Bem, o que eu sabia que iria acontecer algures durante a viagem aconteceu agora, logo no início. O meu segundo dia em Lima foi passado entre a casa de banho, a cama e o hospital.

No dia em que deveria estar de partida para Paracas (autocarro com pick up marcado para as 7h da manhã no hostel), acordo a meio da madrugada com aquela sensação já familiar de uma belíssima intoxicação alimentar. Poupando-vos os pormenores, posso dizer-vos que tive a oportunidade de ficar a conhecer melhor a casa de banho e que fiquei extremamente desidratada ao ponto de quase não me conseguir aguentar em pé. Suspeito que a origem tenha sido um sumo que bebi num boteco pequeno no centro histórico de Lima no dia anterior. Ligo para a companhia de autocarros para avisá-los que não vou conseguir seguir viagem e que terei de manter tudo em standby até me sentir melhor. Toca a desmarcar hotéis e adiar tours já previamente reservados. Por sorte consegui resolver tudo sem qualquer custo acrescido!

Fico algumas horas na cama até resolver que o melhor seria ir até à farmácia ver o que poderia tomar. Na sala do pequeno-almoço encontro a Michelle (a tal holandesa que tinha conhecido no dia anterior no Hostel) e ao explicar-lhe o que me tinha acontecido, uma das hóspedes da mesa ao lado vai ao quarto e dá-me 2 saquetas com um pó para misturar na água para me poder reidratar. Ponho a farmácia em standby e decido tomar aquilo até me sentir melhor.

O problema é que não ajudou assim muito…! Quando me comecei a sentir febril da parte da tarde achei que estava na hora de me dirigir a um hospital para tratar do assunto. Recomendaram-me uma clinica chamada SANNA, um pouco parecida à nossa CUF em Portugal.

Chamo um Uber para poder ficar com o recibo para submeter depois com as minhas despesas junto da World Nomads, a minha companhia de Seguro de Viagem. Estranhei que o carro que me tivesse vindo buscar fosse um táxi, não é normal quando se trata da Uber, mas a matricula correspondia e o tipo chamou pelo meu nome por isso lá fui eu. O motorista, a meio do caminho, mostra-se um pouco perdido, parece que não sabe bem por onde está a ir. Uma viagem que supostamente seria rápida começa a ficar longa demais. Entretanto pára e diz que é ali perto, numa de me despachar. Eu estou com o meu GPS na mão e vejo perfeitamente que ainda faltam pelo menos 2 kms para lá chegarmos. Digo-lhe que não, que não é ali, estamos longe. O tipo lá recorre a outra aplicação para ver o caminho e seguimos. Que nabo do caraças. Finalmente chegamos à clínica.

Fui muito bem atendida. Em 5 minutos estava na sala de emergências a receber uma solução intra-venosa de soro para me reidratar. Passada 1h30, o médico vem ter comigo e passa-me uma série de medicamentos onde se inclui antibiótico. Diz que se eu fizer o tratamento direitinho, em 3 dias estou como nova. Maravilha.

Saio da clinica e chamo novamente um Uber. Desta vez vem um carro normal. Começamos viagem. O motorista é um tipo muito simpático e vamos a conversar o caminho todo até que, ao fazer uma curva junto a uma rotunda, bate noutro carro. Oh que caraças. Mas isto hoje não está mesmo a correr nada bem! Diz-me que vão ter de preencher os papéis do seguro e que é capaz de demorar, é melhor eu sair e chamar outro Uber. Pronto, lá vou eu para a esquina da rotunda esperar por outro carro. Passado algum tempo lá consigo finalmente chegar ao Hostel.

Hoje de manhã, apesar de me sentir bem melhor, o dia não começou bem… Acordo às 06h15 para me preparar para ser apanhada pelo autocarro da Peru Hop às 06h45. O despertador tinha acabado de tocar e ouço alguém a bater-me à porta e a dizer-me que o autocarro estava lá em baixo à minha espera. Pânico! Visto-me à pressa, enfio tudo o que tinha no quarto à pressa dentro da mala, lavo a cara e desço toda desgrenhada ainda. O autocarro tinha-se ido embora. Oh God. Isto não me está a acontecer. Ligo para a companhia que me diz que o autocarro aos Sábados sai uma hora antes, mas que poderão remarcar para amanhã. Não, não me está nada a apetecer ficar mais um dia presa em Lima. Meto-me num táxi rumo à estação de autocarros Cruz del Sur. Lá consigo comprar um bilhete para Paracas no autocarro que saía dali a 30 minutos. Pronto, assunto resolvido.

E agora cá vou eu! Num autocarro com wi-fi gratuito, poltronas super confortáveis, pequeno-almoço incluído e sistema de entretenimento, de onde vos escrevo esta crónica. Maravilha!

Daqui a 2 horas chego a Paracas. Mais novidades em breve!!

Até já!

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Maria João Proença

Nascida e criada em Lisboa, Portugal, mas apaixonada pelo mundo. Adoro partilhar as minhas histórias de viagem, fotografias e videos e aconselhar e inspirar quem partilha a mesma paixão pelas viagens!

7 Comments

  1. Tu es uma fortaleza Maria João. Que este começo de viagem foi cheio de surpresase “aparentemente” sobreviveste. Farei este mesmo passeio em Abril/2018 e após muitos anos sem viajar tão longe, ficarei 20 dias no Peru. Agradeço todas as informações aqui deixadas. ainda não me convenci de fazer o passeio nas Linhas de Nazca, todos os blogs das mulheres que li, passaram mal no voo. Beijinhos

    • Obrigada Angélica 🙂 sobrevivi e voltei de alma cheia e com muitas histórias para contar! Espero que tenhas uma viagem maravilhosa, beijinhos!

  2. Que aventura! Mas conseguiste sempre resolver a situação (ainda bem), e o autocarro final parece incrível. A adorar estas tuas crónicas, como sempre.

  3. Sofia Riquito Reply

    Parece-me que os deuses conspiraram para que tudo corresse da melhor forma… viajar num autocarro tipo avião! São estas aventuras que nos ficam na memória e nos tornam mais fortes. Boa viagem.

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