Dias 16 e 17. Kong Lor Cave e o início da despedida.
Kong Lor é uma pequena aldeia, no meio de nenhures, cujo únicos atractivos são mesmo a Kong Lor Cave que fica a 1,5km de distância, as paisagens lindas de morrer que a rodeiam e a simpatia dos locais.
Depois de uma noite sem ar condicionado, apenas com uma ventoinha que caso falhasse significaria provavelmente uma morte causada por afogamento em suor, acordámos por volta das 8h, tomámos o pequeno almoço e pusemos-nos a caminho da Kong Lor Cave. 1,5km faz-se bem a pé normalmente, mas garanto que fazê-lo debaixo de um sol abrasador e 36 graus, revelou-se uma tarefa algo árdua…
Lá sobrevivemos, comprámos o bilhete e embarcámos num long boat que nos levaria a percorrer a gruta e voltar num espaço de aproximadamente 2 horas. Connosco apenas o colete salva vidas, as câmaras fotográficas e uma lanterna.
E de facto valeu muito a pena a viagem de quase 8 horas até Kong Lor, os litros de suor perdidos, a procura de um sítio para ficar com cerca de 11 Kilos às costas e a noite sem ar condicionado. É uma experiência fantástica. Não existe luz nenhuma dentro da gruta, por isso se não se levar uma lanterna é impossível ver seja o que for. A meio da gruta parámos e pudemos dar uma volta a pé por caminhos já delineados pelo homem. Continuamos caminho, e temos de sair do barco umas quantas vezes para empurrá-lo quando ficava preso em zonas com menos água.
A saída da gruta é uma visão fantástica. Saímos da escuridão total para uma zona do mais verde que há, rodeada por rochas de dimensões avassaladoras, búfalos que se banham nas águas do rio e uma sensação de paz indescritível. Dizem que as borboletas procuram lugares que estejam em equilíbrio, e aqui o que não faltam são borboletas de todos os tamanhos e feitios que nos rodeiam a toda a hora.
Voltamos para trás e, ao sairmos do barco, já novamente na entrada, damos com um grupos de jovens monges a divertirem-se nas águas junto à gruta. Não resistimos. Uns metros à frente, mesmo sem fatos de banho, tivemos de dar um mergulho naquelas águas cristalinas. As roupas já estavam encharcadas em suor, por isso entrar com elas vestidas na água, não faria grande diferença! 🙂
Ao almoço, num dos restaurantes da aldeia, fomos rodeados pelas crianças da família que geria o restaurante. Aqui, não se fala inglês, mas também não há timidez que impeça a interacção com os Falang (os estrangeiros). As crianças são espontâneas, curiosas e extremamente afectuosas como qualquer criança deveria ser.
Voltamos para jantar no mesmo sítio onde sou imediatamente apanhada pela Mai, uma miúda de cerca de 8 anos com quem tinha brincado à hora de almoço e conhecemos um francês chamado Joe, com 40 e tal anos, que nos chama a atenção por falar Lao de uma forma fluente com os locais. O Joe trabalha para uma ONG que se foca em projectos de preservação da vida selvagem no Laos. Contou-nos a sua história, as dificuldades que enfrentou ao chegar ao Laos e não falar uma palavra da língua, e como o facto de ter aprendido a língua tinha mudado totalmente a atitude dos locais para com ele e facilitado o seu trabalho. Enquanto falávamos, a Mai interrompia a conversa para dizer algo ao Joe em Laociano enquanto olhava para mim ao mesmo tempo. Pelos vistos ela estava a tentar fazer de casamenteira entre nós os dois. Malandra esta miúda!
Após mais uma Beer Lao, voltamos para o hotel. No dia seguinte havia que acordar às 6h para apanhar o autocarro das 7h rumo a Vientiane. O Salvador e a Marjolein ficam a meio caminho de onde seguirão para as 4000 ilhas (ainda no Laos) e depois para o Camboja, e eu continuo até à última paragem onde me aguardam algumas horas até ao meu voo para casa.
Trocamos abraços apertados preenchidos com a saudade que já se acusa prematuramente. Com o coração partido por ter de partir, há no entanto um sorriso que luta para enxugar a lagrimita teimosa. Só me posso dar por feliz por os nossos caminhos se terem cruzado e por fazerem agora parte da minha vida. 🙂
2 Comments
🙂 descobri o paraíso!
Simplesmente divinal. …