A meio do voo do Dubai para Colombo, passo um bocadinho pelas brasas. Quando acordo dou de caras com os 2 tipos sentados ao meu lado no avião, em amena cavaqueira debruçados sobre mim para se conseguirem ouvir. Lá repararam entretanto que eu tinha acordado e endireitaram-se nos lugares. A noção de espaço pessoal é um conceito desconhecido por estas bandas.
Passadas 3h30 desde o início do voo, lá aterramos no aeroporto de Colombo. Antes de sair, ainda tenho de passar pelo controlo de passaportes. Tudo tranquilo e muito rápido. Já levava comigo o e-mail de aprovação de visto. Foi só preciso apresentá-lo junto com o meu passaporte e preencher um papel com alguns dados pessoais.
Surpreendentemente, a mala também não demorou muito tempo a aparecer. Assim, num espaço de 30 minutos já estava a sair do aeroporto.
Procuro o André no meio de uma pequena multidão que se tinha juntado no exterior. Não demoro muito a encontrá-lo, embora já não seja assim tão difícil confundi-lo com um local, de tão bronzeado que está, depois de meses pelo Sudeste Asiático e agora pelo Sri Lanka!
Seguimos para Negombo de mota os 2. Mala encaixada à frente, entre o guiador e o banco, e vamos lá então. Passados uns 20 minutos, e no meio de algumas ameaças de chuva, chegamos à Guesthouse. Pelo caminho não consigo ficar com uma ideia de Negombo. Por esta altura já é 01h da manhã e as ruas estão escuras e vazias.
No dia seguinte, ao acordar já tarde, o primeiro destino é um restaurante para encher o estômago com alguma coisa. A rua da Guesthouse, que no dia anterior me parecia um sítio escuro e deserto, estava totalmente transformada. O som da música “Für Elise” de Beethoven ecoa pelas ruas com um tom agudo. É a carrinha do pão que anuncia a sua presença diariamente (aposto que o Beethoven dá voltas na campa cada vez que esta carrinha passa esta música). Por todo o lado veem-se pessoas na sua lida diária.
Acabamos por almoçar num restaurante na rua principal. Umas “mixed noodles” suuuuper condimentadas. Boas, mas parece que despejaram um bocadinho de todas as especiarias que tinham, dentro do tacho! Fazemos tempo até a chuva parar, para nos metermos de novo na mota e partirmos então à descoberta de Negombo.
O que aqui não faltam são igrejas outros locais de culto. Mas o que se vê maioritariamente são igrejas católicas. Imponentes, de arquitectura com influência portuguesa, que me fazem sentir um bocadinho em casa.
Nas placas na rua, não é difícil vermos apelidos portugueses como “Silva” ou “Pereira” (ainda há pouco, no restaurante onde jantámos, o dono dizia orgulhosamente que o seu nome de família “Rodrigo” era português, e que corrigia sempre, indignado, quando alguém perguntava se era um nome espanhol). É óbvio que a presença portuguesa de outrora ainda se mantém viva por aqui.
No roteiro ainda incluímos uma passagem pelas ruínas de um Forte e de um Canal holandês, localizados junto à Prisão, onde dezenas de pessoas aguardavam a abertura das portas para poderem visitar amigos e familiares que se encontravam lá dentro (à excepção de 3 turistas que andavam por lá com um guia, éramos os únicos não-locais ali). E uma cerveja acompanhada por marisco, numa esplanada à beira-mar, com direito ao meu primeiro pôr-do-sol no Sri Lanka.
A mota deu-nos a liberdade de percorrer à nossa vontade as ruas e bairros da cidade, desde as zonas mais centrais até às mais afastadas. Em direcção à Lagoa de Negombo (um conhecido local de pesca), somos recebidos constantemente por “Hello! How are you?” e muitos sorrisos genuínos. Até as caras que ao início se mostravam mais fechadas, rapidamente se desfaziam num enorme sorriso com um simples cumprimento de cabeça.
O André já me tinha dito que achava que eu ia gostar muito do Sri Lanka. E esta primeira pequena amostra fez-me ter quase a certeza absoluta que sim, que vou sair encantada deste país.
Agora deixo-vos porque está na hora de partir para o vale dos lençóis. Amanhã espera-nos uma viagem até Colombo, de onde seguiremos de comboio ate Kandy, nas montanhas.
Até já!