Mulheres Viajantes | Entrevista viajante Katy

Katy Deodato |  Portugal | 31 anos

A Katy está neste momento a viver o sonho que muitos de nós partilhamos. Acompanhada pelo marido, o Ricardo, largou a vida que tinha em Portugal e partiu numa aventura pelo mundo. Anda em modo itinerante pelo Sudeste Asiático e Austrália há já quase 5 meses sem data de regresso a casa. Uma viagem que começou com um período de voluntariado de 3 meses em Timor-Leste, passou a ser a aventura de uma vida.

Desafiei-a a falar um bocadinho sobre a sua experiência para nos dar inspiração para as nossas próprias aventuras. 🙂

Voluntariado


Jo: Lembras-te da altura em que te apaixonaste pelas viagens?

Katy: Ui, não sei desde quando… Se calhar desde sempre, já que nasci na Córsega e desde pequena que tinha de fazer as viagens de carro. Há por aí um estudo que diz que o bicho das viagens nasce nos genes…. Se calhar foi aí. Mas apesar de ter sempre em mente o mundo, também sempre achei que não ia passar da minha imaginação. Nunca pensei que um dia tivesse a oportunidade de viajar, pensava que só para os outros é que era fácil.

JoO que te atrai nas viagens?

KatySem dúvida a vida local, o quotidiano e os costumes. Juntando a isso, procuro locais com muita natureza e com praias praticamente desertas. O meu ideal de viagem tem sempre de cumprir esses requisitos.

JoQual a tua viagem preferida até hoje?

KatyPara sempre Timor Leste. Foi a viagem mais especial e bonita que fiz. Eu sei que não pedes para justificar mas eu vou justificar na mesma ☺. Foi uma viagem que conseguiu testar-me a todos os níveis!!! Uma amiga minha uma vez disse-me que Timor era feito à minha medida, porque tem tudo aquilo que procuro numa viagem: aventura, adrenalina, animais, natureza selvagem e tem um povo apaixonante e generoso com uma cultura ancestral carregada de crenças animistas. Timor foi, por tudo isso, a minha viagem preferida. 

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A ser desafiada a fazer um 4 pelas crianças locais.
JoQuando e porquê é que decidiste fazer esta viagem?

KatyDesde os meus 27 anos (hoje tenho 31) que andava com um conflito interno. Tinha dúvidas se aquilo que andava a fazer nesta minha passagem pelo mundo era mesmo viver a vida. À medida que o tempo ia passando essa pergunta ganhava uma dimensão dentro de mim que não consigo explicar. Até que um dia, e em conjunto com o meu marido, decidimos resolver essa questão. Nós tínhamos de viver o nosso sonho e foi assim que partimos em Setembro de 2015 para uma viagem pelo Sudeste Asiático.

JoFala-me do percurso da tua viagem.

KatyBem, então em Setembro de 2015 fomos por aí fora com destino a Timor-Leste. Mais do que a oportunidade de conhecer esse mundo, eu queria enriquecer a viagem fazendo voluntariado. Então durante 3 meses estivemos a dar aulas de português a adolescentes em Timor. O propósito desta viagem não era andar a saltar e a correr de cidade em cidade. Queriamos estar nos sítios o tempo que nos apetecesse, sem nada programado. Nas calmas andámos pela indonésia (Bali e Lombok) e demos um saltinho até às Filipinas. Tínhamos o voo de regresso a casa a 12 de Fevereiro, mas o Ricardo tinha o sonho de conhecer a terra dos cangurus, então decidimos mudar o rumo da nossa viagem e desviar o avião para a Austrália.

Agora é que não temos mesmo planos, não queremos pensar no tempo que aqui vamos estar, vai ser mesmo andar ao sabor do vento. Não pensamos no “ e depois”. Pode ser que  façamos uma perninha até à Nova Zelândia ou que regressemos a Portugal, não sabemos! Mas fixe, fixe, era regressar pelas Américas. 

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Eu e o Ricardo em Perth, na Austrália.
Jo: Qual o teu momento favorito da viagem até agora?

KatyTodos os momentos que vivi em Timor-Leste foram os meus favoritos na viagem. Foram 3 meses sempre com experiências diárias diferentes e muito intensas. Mas lembro-me do momento em que fomos apresentados à escola com cerca de 500 alunos eufóricos, a aplaudir, por sermos os primeiros portugueses que a escola recebia. Foi uma recepção mágica. Ver, logo no primeiro dia, a alegria deles e o entusiamo por nós e pela nossa cultura é algo que guardo com muito carinho.

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Francisco. Lore, Timor-Leste.
Jo: E um menos bom?

KatyEu diria o momento mais difícil! Foi em Timor também quando tive que lidar com a diferença de valores culturais que chocaram com os meus. A maneira como encaram tanto a vida humana como animal foi algo que mexeu muito comigo internamente.

Jo: Como foi a experiência de fazer voluntariado em Timor? Que conselhos podes dar a quem esteja a pensar fazer o mesmo?

Katy: O impacto de um voluntariado, independentemente da parte do mundo onde seja feito (mesmo que seja em Portugal), é muito grande a nível pessoal. É uma experiência que te permite mergulhar totalmente na vida local. Consegues experienciar momentos que não são possíveis quando apenas se viaja. Ao estares com uma comunidade e viveres com eles e como eles, lado a lado com as mesmas condições, é absolutamente arrebatador… Ainda por cima quando se vai para um país pobre como Timor, recém saído de uma luta pela sua independência, onde muitos se sacrificaram para hoje ser o primeiro país do século XXI. Eu deixei-me levar e senti as coisas com muita intensidade,  vês diariamente as dificuldades das pessoas, as suas fraquezas, as suas lutas, mas também vês as alegrias, as risadas, a sua ingenuidade… E poder contribuir proporcionando-lhes momentos de aprendizagem e divertimento é absolutamente gratificante e a melhor sensação que o ser humano pode ter.

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Escola em Dili, Timor-Leste.
Jo: Quais os planos para o resto da viagem?

KatyO plano é não ter um plano. Estamos mesmo numa de andar por aí ao sabor do nosso tempo e da nossa vontade. Não queremos impor pressão para ir nesta ou naquela data, parar numa ou noutra cidade. Vamos ficando nos sítios até nos apetecer. Toda esta viagem é especial por isso mesmo. Pela primeira vez podemos mesmo usufruir do tempo, dos momentos, dos lugares e das pessoas na sua plenitude.

JoVês-te a viajar para sempre e a fazer disso carreira?

KatySem dúvida, viajar faz parte da minha rotina. Aliás, a minha maior motivação para trabalhar e ir feliz da vida para o emprego é saber que tenho já uma viagem ou city break marcado, mesmo que seja dentro do nosso país (onde adoro ser turista). Fazer disto carreira? Não sei, mas começo agora a colocar a hipótese de conseguir fazer algo bastante interessante na área.

Jo: E depois desta viagem? Qual o destino?

Katy: Quando nos apercebemos realmente o quão fantástico e belo é este mundo, há toda uma planóplia de viagens que se quer fazer. Nunca me aventurei nas Américas porque o meu coração ficou logo apaixonado pela Ásia e nunca me deixou escolher outro destino. Mas começo a ter vontade de conhecer uma cultura totalmente diferente a que estou habituada, preciso de sentir de novo o choque cultural que tanto gosto que se entranhe dentro de mim. Para me pôr a pensar e a olhar para o mundo e para a vida com os olhos mais abertos.     

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Amanhecer em Timor-Leste
Jo: E para terminar, que conselho tens para dar a quem tenha o sonho de partir à aventura como tu, mas que ainda não tenha tido coragem de dar o primeiro passo?

O melhor conselho que posso dar é ires com a mente completamente vazia, como se fizesses um reset. Tanto eu como o Ricardo fomos para Timor sem fazermos muitas pesquisas sobre a instituição que nos ia acolher, sobre o país. Nós queríamos ir sem expectativas  e sem influência de opiniões. Queríamos sentir o total impacto da cultura sem termos a mínima ideia do que iríamos encontrar. E por irmos assim tão “vazios”, a experiência de Timor e do voluntariado foi esplêndida. Não há mesmo nem um, nem muitos adjectivos que consigam qualificar tal experiência. É preciso vivê-la.

O segredo é só um: ACREDITAR!!! Costuma-se dizer que quando se quer mesmo uma coisa, que ela acontece. Antes eu ouvia essa frase e não conseguia interiorizar, e pensava: “Mas o que é que isso quer mesmo dizer?”. Depois do que já experienciei, é impossível viveres uma vida a pensares no sonho que tanto querias realizar. Por muito que estejas a adiá-lo, se for mesmo um sonho com dimensão e força para te deixar frustada e ansiosa por não o realizares,  ACREDITA que vai chegar a uma altura em que a coragem simplesmente aparece e nesse momento ganhas dentro de ti uma força e uma confiança que te fará ser capaz de partir.  Quando comprares o bilhete até vais ficar surpreendido/a de como as coisas à tua volta se unem para conseguires realizar o teu sonho. Força nisso!!

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Passagem de ano em Gilli Air, Lombok, Indonésia.

Se quiserem saber mais sobre a experiência da Katy e do Ricardo em Timor consultem o blog www.portimor.wordpress.com, e se estiverem interessados em saber sobre a Austrália dêem uma espreita à rubrica quinzenal da sua autoria em: http://preguicamagazine.com/2016/02/24/arranca-e-nao-facas-po-uma-aventura-a-dois-1.

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Maria João Proença

Nascida e criada em Lisboa, Portugal, mas apaixonada pelo mundo. Adoro partilhar as minhas histórias de viagem, fotografias e videos e aconselhar e inspirar quem partilha a mesma paixão pelas viagens!

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