Quando o mundo mudou o meu mundo

Nunca me tinha passado pela cabeça viajar sozinha. Nunca tinha sonhado sair de Portugal sozinha, com uma mochila como única companheira, rumo a um destino longínquo e desconhecido. 

Para mim as viagens só faziam sentido na companhia de alguém e os meus planos eram sempre feitos em conjunto. As viagens só faziam sentido se pudesse sentir o conforto de ter alguém ao meu lado com quem eu pudesse partilhar sensações, experiências, memórias. Se pudesse sentir que qualquer dificuldade seria ultrapassada em conjunto e que o peso da responsabilidade do planeamento de uma viagem pudesse ser partilhado.

Um dia um amigo disse-me que ia sozinho para a Tailândia. “Mas… sozinho?”, perguntava-lhe eu. “Sim, sozinho. Porquê o espanto?”. Sempre fui uma pessoa muito independente mas não me parecia lógico que uma pessoa quisesse viajar sozinha só porque sim, sem qualquer motivo maior. Que experiência tão solitária e triste, pensava eu. E ao mesmo tempo admirava a sua coragem e determinação.

Pouco tempo depois, em conversa com outro amigo que tinha viajado 3 meses sozinho pela América do Sul e mais uns quantos pelo Sudeste Asiático, o conceito da viagem a solo volta a entrar na minha vida. Ouvia fascinada as suas histórias de viagem, as histórias sobre a quantidade de pessoas que ele tinha conhecido, e sentia como meu o entusiasmo que ele demonstrava ao descrever-me tudo o que tinha sentido e vivido durante as suas viagens. Mas ao mesmo tempo que o bichinho se começava a entranhar, não conseguia deixar de pensar que todas aquelas histórias fantásticas seriam bastante diferentes e mais limitadas se se tratasse de uma mulher a contá-las. O conceito de viagem solitária começava a dar lugar a um fascínio pela descoberta a solo mas os receios a nível de segurança mantinham-se como um dos maiores obstáculos à possibilidade de um dia finalmente tomar o “grande” passo.

Até ao dia.

Estávamos em Abril de 2015 e eu recebo um “ultimato” no trabalho: “é melhor pensares em tirar férias agora porque o trabalho vai começar a apertar e depois precisamos de ti cá.” Certo. Não era que a “obrigação” de tirar férias me incomodasse propriamente mas o problema é que naquele momento seria impossível conseguir companhia! E onde ir assim de repente? Ficar em casa estava fora de questão. Foi nessa altura que se deu o clique. Estava na hora de pôr medos de parte e de arriscar. Primeiro passo: escolher o destino. Tendo ficado fascinada pela Tailândia e Camboja depois de uma viagem no ano anterior com amigos, sabia que queria regressar ao Sudeste Asiático. Os destinos escolhidos acabaram por ser o Vietname e o Laos, recomendados por uma amiga que de lá tinha voltado recentemente.

As borboletas na barriga instalaram-se a partir do momento em que recebi o email de confirmação da companhia aérea, após a compra dos bilhetes. Passado cerca de 1 mês estava a entrar sozinha num avião rumo a Hanói, no Vietname, e a ganhar oficialmente um vício para a vida: as viagens.

Nunca uma viagem me tinha feito sentir o que senti nesta primeira incursão a solo. Por incrível que pareça, as borboletas desapareceram assim que me vi sozinha no Vietname. Quase de imediato comecei a sentir uma mudança em mim que se viria a solidificar dia após dia. Não houve um momento em que me tenha sentido sozinha durante a viagem, mesmo nos momentos em que não tinha ninguém ao meu lado (que foram raros). Conheci algumas das pessoas mais interessantes que já tinha conhecido até ao momento, outros viajantes a solo que se tornaram em amigos para a vida, habitantes locais; aprendi em que consistia conhecer e viver um novo país e uma nova cultura de forma mais intensa; descobri que o facto de ser mulher não afectava em nada a minha experiência ou a minha capacidade de apreciá-la e voltei para casa a sentir-me uma melhor pessoa do que a que tinha partido umas semanas antes.

Ao chegar a casa tudo me parecia diferente. As prioridades que tinha definidas como certas na minha vida (um bom emprego, um bom carro, a estabilidade financeira…) tinham dado lugar a uma necessidade urgente de ser feliz e de aproveitar cada momento da minha vida, em vez de armazenar recordações de momentos enfiados num escritório, a fazer algo que não me fazia feliz e que me fazia sentir cada vez menos ligada ao mundo.

A Maria João que voltou dessa viagem veio cheia de força, mais conectada consigo mesma e mais aberta a todos e tudo o que a rodeava. E a partir dessa altura tudo mudou. Encontrei forma de deixar tudo o que me fazia sentir entorpecida e decidi seguir o caminho que me fazia mais feliz: o das viagens. Dediquei-me, entre outras coisas, a partilhar as minhas descobertas do mundo e a tentar inspirar outras mulheres através do meu blog, o Joland, e a percorrer mais alguns países umas vezes sozinha, outras vezes acompanhada.

Sabem aquela ideia de nos descobrirmos a nós próprios através das viagens? É real. O próximo destino é o Peru já daqui a poucas semanas, para onde sigo acompanhada apenas pela minha mochila. Quem sabe as mudanças que esta viagem poderá despoletar?

Até já!

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Maria João Proença

Nascida e criada em Lisboa, Portugal, mas apaixonada pelo mundo. Adoro partilhar as minhas histórias de viagem, fotografias e videos e aconselhar e inspirar quem partilha a mesma paixão pelas viagens!

22 Comments

  1. Super relato… eu sou casada, mas viajo muito sozinha.. bem, vim morar na Europa sozinha. E isso me abriu um mundo na frente dos olhos. Isso que nunca fui para países exóticos, e já me libertei… =)

    • Viajar com alguém de quem se gosta é muito bom, mas viajar sozinha dá-nos aquela liberdade que não conseguimos de outra forma, sem dúvida 🙂

  2. Eu amo viajar sozinho, é uma experiência ótima e libertadora. Adorei saber a sua experiência, muito inspiradora.

  3. Ana Carolina Miranda Reply

    Maria, nunca viajei sozinha, mas acho que deve sr uma experiência incrível, principalmente para pessoa que como nós gostam de viajar.

    • Um dia experimenta Ana Carolina 🙂 Eu fiquei muito surpreendida quando viajei sozinha pela primeira vez, nunca tinha imaginado quão bom poderia ser!

  4. eu também passei por essa transformação no sudeste asiático. até então só tinha pensado em explorar lugares mais visitados e de turista mesmo..após a primeira semana no Vietnã tudo mudou, queria ver só coisas exóticas, comer comidas gostosas e diferentes e falar com pessoas para saber a experiência e como é a vida no pais!

  5. Parabéns pelo texto. Não sou muito fã de viajar sozinho, mas compreendo que é um tipo de viagem totalmente diferente, onde nos permitimos uma interação maior com o local e com as pessoas. Sucesso nas viagens.

    • Obrigada Leo! Nem toda as pessoas são fãs de viajar sozinho, mas é sem dúvida uma experiência transformadora. 🙂 Boas viagens!

  6. Já viajei sozinha algumas vezes (inclusive pra Tailândia, como seu amigo). Pra mim é uma experiência completamente diferente e enriquecedora!

  7. Viajar sozinha é bom demais! Não que esteja reclamando de viajar com o meu marido, que é ótima companhia, mas ter independência para escolher o que fazer e o que não fazer é muito bom. Sem contar que viajando sozinha você acaba conhecendo mais pessoas e interage mais com os moradores locais.
    Parabéns por tomar a iniciativa.

  8. Adorei o texto, a escrita e as imagens, a mensagem transmitida.

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